segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sibutramina, aliado ou vilão?

   
     Trabalhando em academias não é difícil identificar alunos fazendo o uso de Sibutramina com ou sem prescrição médica. Alguns alunos chegaram a me colsultar sobre a tal droga milagrosa.
     Preocupado com esse uso indiscriminado, resolvi fazer algumas colocações sobre alguns estudos que são encontrados sobre o assunto.
     A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no dia 30 de março, no Diário Oficial da União, uma resolução que determina que os remédios que contenham a sibutramina sejam vendidos apenas com a apresentação de receita azul, de controle especial. Dessa forma, o medicamento, muito utilizado no combate à obesidade, passa da classe C1 (controle especial comum) para a classe B2, sendo classificado como psicotrópico anorexígeno. A tarja do medicamento também muda de vermelha para preta.
     Essa droga é encontrada sob os nomes: Reductil, Meridia, Plenty, Sibutral
    A sibutramina é o principal composto de diversos remédios para emagrecer como: Plenty, Reductil, Meridia e Sibutral. O resultado esperado é a perda de peso, conseguido através da inibição da recaptação de serotonina e de noradrenalina (HANSEN et al, 1999, STOCK et al, 1997). A sibutramina  deve sr utilizada num tratamento concomitante  a  exercícios e alimentação regrada, e somente após tentar  dietas e atividades físicas sem sucesso para emagrecimento.
     A noradrenalina é um hormônio liberado pela supra-renal e serve também como precursor da adrenalina, tendo como principais efeitos: elevação do metabolismo, aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial. Ao evitar a recaptação da noradrenalina na fenda sináptica a siburamina potencializa os efeitos deste hormônio, aumentando o gasto energético (HANSEN et al, 1998; WALSH et al, 1999).
     A serotonina é um neutrotransmissor produzido no cérebro a partir do aminoácido triptofano, atuando como vasoconstritor, estimulador da musculatura lisa (presente nos órgãos), regulador do sono, do apetite e do humor. (CHAPELOT et al, 2000).
     Ou seja, a sibutramina atua através de dois mecanismos: aumento do gasto energético e diminuição do apetite.

Atuação

  Muitas das pesquisas monstram a sibutramina como eficiente e relativamente segura no combate à obesidade. Normalmente os estudos têm verificado perda de peso significativa com o uso de sibutramina como os de CUELLAR et al (2000), que usou 15 mg/dia de sibutramina durante seis meses em pacientes obesos e obteve perda de 10,27 kg no grupo experimental, contra apenas 1,26 kg no controle, além de reduções significativas no IMC e na circunferência da cintura. FANGHANEL et al (2000) administraram 10 mg/dia de sibutramina durante seis meses a pacientes obesos, obtendo perda de 7,52 kg em média para o grupo experimental e redução de 12,51 centímetros na circunferência da cintura.
     Sobre a saciedade, CHAPELOT et al (2000) analisaram os efeitos  diretos (ingestão de alimentos) e indiretos (sensações de fome) com o uso de 15 mg de sibutramina no período da manhã (08:30). A substância iniciou o efeito, geralmente 6 horas depois da ingestão, produzindo redução no consumo calórico de, em média, 311,5 kcal comparada com o placebo, esta redução foi ainda maior quando se analisou o período de 24 horas (redução de 382,4 kcal), sendo o efeito mais acentuado no almoço (redução de 152,1 kcal).

Efeitos indesejados

     Os efeitos colaterais encontrados nos estudos foram: secura na boca, pressão alta, fadiga, constipação, taquicardia, anorexia, dores de cabeça e insônia. (RICHTER, 1999; FANGHANEL et al, 2000; LUQUE et al, 1999; JAMES et al, 2000; BRAY et al, 1999, CUELLAR et al, 2000; SCHUH et al, 2000). Inclusive, houve alto índice de desistência dos paciente em alguns estudos, como no de CUELLAR, onde +/-37% do grupo experimental desistiu  da pesquisa devido à ineficiência e aos efeitos colaterias da intervenção, principalmente infecções respiratórias e constipação.
     Como a sibutramina tem sido considerada segura e eficiente pela maioria dos especialistas, alguns usuarios acabam por abusar. Pesquisadores franceses realizaram um estudo para averiguar os efeitos de doses abusivas de sibutramina. Comparou-se 25 e 75 mg diárias desta substância, com 20 mg de anfetamina e placebo. Os resultados indicaram que o uso de 25 mg/dia de sibutramina não produziu efeitos colaterais relevantes, já a dosagem de 75 mg/dia ocasionou efeitos desagradáveis como ansiedade, confusão e fadiga, sendo que os pacientes optariam por não mais receber altas doses de sibutramina, ao contrário da anfetamina, que produziu efeitos positivos no humor e foi considerada agradável pelos pacientes (SCHUH et al, 2000).

Conclusão

     Apesar de bstante indicada por médicos e pseudoespecialistas  esse  fármaco tem seus efeitos colaterais e suas limitações. Ressalta-se que ela só deve ser usada em último caso, onde dietas e atividades físicas não funcionaram. Se você deseja apenas perder pequenas quantidades de gordura para melhorar seu visual em trajes de banho ou roupas decotadas, eu não recomendaria o uso desta substância.

Bibliografia

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HANOTIN C, THOMAS F, JONES SP, LEUTENEGGER E, DROUIN P Efficacy and tolerability of sibutramine in obese patients: a dose-ranging study. Int J Obes Relat Metab Disord 1998 Jan;22(1):32-8
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